sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Indagações sobre o currículo

No texto diversidade e currículo do MEC, podemos refletir sobre qual diversidade queremos contemplar no currículo escolar, entre outras perguntas. Acesse a leitura completa no link abaixo:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag1.pdf

Uma parte importante do texto trata sobre a Plasticidade Cerebral:
O cérebro humano apresenta uma grande plasticidade. Plasticidade é
a possibilidade de formação de conexões entre neurônios a partir das
sinapses. A plasticidade se mantém pela vida toda, embora sua amplitude
varie segundo o período de formação humana. Assim é que, quanto mais
novo o ser humano, maior plasticidade apresenta. Certas conexões se fazem
com uma rapidez muito grande na criança pequena. É isto que possibilita
o desenvolvimento da linguagem oral, a aprendizagem de uma ou mais
línguas maternas simultaneamente, o domínio de um instrumento musical,
o desenvolvimento dos movimentos complexos e a perícia de alguns deles,
como aqueles envolvidos no ato de desenhar, de correr, de nadar...
Conseqüentemente a infância é o período de maior plasticidade e
isto atende, naturalmente, ao processo intenso de crescimento e
desenvolvimento que ocorre neste período. Assim, a plasticidade atende às
necessidades da espécie.
Que possibilidades concretas são estas de formação de conexões? O
cérebro humano dispõe de cerca de 100 bilhões de neurônios, sendo que
cada um pode chegar a estabelecer cerca de 1000 sinapses, em certas
circunstâncias ainda mais. Desta forma, as possibilidades são de trilhões de
conexões, o que significa que a capacidade de aprender de cada um de nós
é absolutamente muito ampla.
A plasticidade cerebral também permite que áreas do cérebro destinadas a
uma função específica possam assumir outras funções, como, por exemplo,
o córtex visual no caso das crianças que nascem cegas. Como esta parte do
cérebro não será "chamada a funcionar", pois o aparelho da visão apresenta
impedimentos (então não manda informação a partir da percepção visual
para o cérebro), ela poderá assumir outras funções.
Plasticidade cerebral é, também, a possibilidade de realizar a
"interdisciplinaridade" do cérebro: áreas desenvolvidas por meio de um tipo
de atividade podem ser "aproveitadas" para aprender outros conhecimentos
ou desenvolver áreas relativas a outro tipo de atividade. Por exemplo, áreas
desenvolvidas pela música, como a de ritmo, são "aproveitadas" no ato da
leitura da escrita ou a de divisão do tempo na aprendizagem de matemática.

Importante reflexão para o currículo:
Considerando, então, que o cérebro se desenvolve do diálogo entre a
biologia da espécie e a cultura, temos que, na escola, o currículo é um
fator que interfere no desenvolvimento da pessoa.
Os "conteúdos" escolhidos para o currículo irão, sem dúvida, ter
um papel importante na formação. As atividades para conduzirem
às aprendizagens, precisam estar adequadas às estratégias de
desenvolvimento próprias de cada idade. Em outras palavras, a
realização do currículo precisa mobilizar algumas funções centrais do
desenvolvimento humano, como a função simbólica, a percepção, a
memória, a atenção e a imaginação.
A fala organiza a ação, por isso é importante para a criança murmurar para
si os passos do que está fazendo. Este murmúrio, chamado de verbalização
cognitiva, é essencial para a compreensão da ação e ocorre com muita
freqüência nos anos iniciais que coincidem com o início da escolarização do
ensino fundamental.
Neste período, também, a criança se interessa muito pelos colegas,
constituindo grupinhos da amizade que passam a ter papel relevante em
suas ações. Surge, assim, a importância do grupo.

Distinção entre desenvolvimento e aprendizagens escolares:
O que é do domínio do
desenvolvimento humano
não deixa de acontecer se
a criança não for à escola,
ou se ela for e se encontrar
em uma situação de não
aprendizagem.

Toda criança desenha. O desenho é manifestação da função simbólica. O desenho é o registro do movimento em um suporte. O traçado se constitui, gradativamente,
corporal, movimento, ao mesmo tempo em que a criança cria significados.
O traçado no papel "guia" a construção do desenho ao mesmo tempo em que
a "idéia" dirige o movimento. A "idéia" é constituída por imagens, percepções,
movimentos vividos que a criança quer expressar no papel.
Em seu processo de desenvolvimento, a criança pequena desenha muito,
o domínio do traçado é progressivo. A perícia que a criança desenvolve, ao
desenhar, será utilizada na escolarização para escrever, para apropriar-se
dos elementos simbólicos das linguagens das várias áreas de conhecimento,
para aprender a utilizar-se da geometria, fazer mapas, diagramas, esquemas
que são instrumentos do pensamento.
No desenho está implícita uma ação, ou seja, há uma história para a criança
no desenho que ela realizou. Ele inclui, portanto, a narrativa: mesmo que
para o adulto ele pareça algo estático, unidimensional no papel, para a
criança é ativo, dinâmico, tridimensional e seqüencial.
Ao desenhar, a criança organiza sua experiência para compreendê-la. O
ato de desenhar não é, simplesmente, uma atividade lúdica, ele é ação
do conhecimento. O desenho é, pois, parte constitutiva do processo de
desenvolvimento da criança. Por ser importante no desenvolvimento
infantil, o desenho não deve ser entendido na escola como uma atividade
complementar, mas como atividade funcional, tanto na Educação Infantil
como nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Segundo  Henri Wallon:
Há, entre o que a criança faz sozinha, partindo da sua própria
intenção, e o conhecimento a ser adquirido, formalmente organizado,
um percurso que só poderá ser feito com a intervenção dos indivíduos
mais experimentados da espécie. Inclui-se entre eles, evidentemente, o professor.

Quais atividades são fundamentais para a aprendizagem dos
conhecimentos escolares? A atividade de estudo mais essencial à espécie é a
leitura.
Além da leitura, são atividades que envolvam
• Observação- Registros através de desenhos, fotografias....
• Registro- Ex: Caderno Recordando
• Organização
• Relato
• Comunicação
Elas desenvolvem comportamentos relacionados a perceber, refletir,
compreender e expor. Desenvolvem redes neuronais que são base para a
formação de conceitos, apropriação de método, criação de categorias de
pensamento.

FORMAÇãO DO CONCEITO E
INTERDISCIPLINARIDADE DO CÉREBRO
Formação de Conceitos
O ser humano constitui e amplia os conceitos, continuamente, mas
esta ampliação depende de elementos internos e externos à pessoa. Para
constituição de um conceito não é suficiente somente a construção de
significado, mas também o estabelecimento e a compreensão das relações
múltiplas possíveis existentes entre os vários significados. Ao compreender
esta rede de relações, o ser humano constitui categorias de pensamento que
vão permitir, por sua vez, a compreensão de redes de relações mais complexas.
A aprendizagem dos conceitos científicos
A ciência está no cotidiano do aluno de qualquer idade, criança ou adulto,
de qualquer classe social, pois está na cultura, na tecnologia, nos modos
de pensar da sociedade de nossos dias. Toda criança detém, então, um
conhecimento que está contido na teoria científica. Este conhecimento é,
todavia, fragmentado e o aluno deverá ser levado, pela ação do professor, a
superar essa visão fragmentada para chegar à compreensão do conhecimento
formal. Ou seja, o que o aluno já sabe, deve ser, necessariamente, articulado
com o conceito científico que se lhe pretende ensinar.

Interdisciplinaridade e formação de conceito
Há duas dimensões para se discutir interdisciplinaridade e currículo: a
da aprendizagem e a do desenvolvimento. Embora elas se relacionem do ponto
de vista da pessoa que aprende, é importante conhecer o que as distingue.
Do ponto de vista do desenvolvimento,
podemos dizer que há uma interdisciplinaridade
interna, no nível do desenvolvimento biológico-cultural no cérebro. Ela
acontece por meio das redes que se formam a partir de sinapses múltiplas
entre as redes neuronais que são construídas a partir da interação com o
"conteúdo" da disciplina e com a "forma" como este conteúdo é organizado.
Neste processo podem participar redes neuronais constituídas a partir do
exercício de práticas artísticas e, também, de práticas culturais, como as
brincadeiras infantis, práticas com perícia de movimentos, como a capoeira, a
dança, os rituais indígenas, práticas com complexidade de linguagem, como os
repentistas, como a poesia, as parlendas, as líricas das canções.
A interdisciplinaridade interna acontece pela interseção de elementos
Este é um ponto central para uma
concepção de currículo que promova o
desenvolvimento humano: o currículo
deve atender a esta interdisciplinaridadena qual a cultura e as artes se
interna,
"conectam" ao conhecimento formal no
nível de desenvolvimento de categorias de
pensamento e formação de conceitos.
Por exemplo, brincar de amarelinha. Vários conhecimentos são
internalizados na brincadeira de jogar amarelinha: contar, desenhar figuras
geométricas, escrever os números. Do ponto de vista do movimento: equilíbrio,
lateralidade, organização de seqüência dos movimentos no espaço. Do ponto
de vista do pensamento espacial, a criança desenvolve a noção do próprio
corpo no espaço, movimentação de imagens no pensamento (que colabora
para o desenvolvimento da imaginação), configuração de seqüência de
imagens no cérebro.
A criança leva para a sala de aula comportamentos historicamente
constituídos, adquiridos em seu cotidiano, que constituem o repertório de
ações e formas de interação de que ela dispõe. Nestes comportamentos
incluem-se como de importância fundamental trocas afetivas, a vivência e a
expressão das emoções.
Uma vez na escola, no entanto, outras formas de ação e de interação
são solicitadas do educando. Embora seja um fato a necessidade de constituir
estes comportamentos, eles nem substituem, nem anulam os que a criança já
apresenta. Os comportamentos que a criança leva de seu meio para a escola
não são formas de ação que conduzam (necessariamente) à construção do
conhecimento formal. Deste modo, há comportamentos específicos a serem
constituídos em sala de aula, mas o objetivo deles deve ficar claro para o aluno.
Isto faz parte da ética no ensino: que o aluno desenvolva a consciência do
conhecimento e de suas aplicações.
que apóiam a formação de conceitos e/ou levam a ela. Estes elementos podem
ser de várias ordens. Por exemplo: conhecimentos da geometria, geografia
física, práticas artísticas, como as artes plásticas, dança levam à formação ou à
ampliação da noção de espaço. A atividade dada pelo professor pode articular
as áreas de conhecimento entre si, mobilizando as funções mentais (como
percepção, memória, atenção e imaginação) ou integrando conceitos que a
atividade promove, como conceito de espaço,
de tempo, de número entre outros.
na criança pequena, envolvendo vários elementos como esquema

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